Primeiro de Dezembro
Nunca precisei de dias específicos ou feriados para recordar pessoas, coisas ou efemérides. Quando o sentimento intenso é profundo, quando a dor ou a alegria são sublimadas em saudade, recordar torna-se uma atitude constante, um estado permanente, uma vivência. Tudo isto vem a propósito de mais um Primeiro de Dezembro. Para uma grande parte dos portugueses – quiçá a maioria – o dia deste ano, uma sexta-feira, será apenas uma bem-vinda desculpa para um fim de semana longo, como dizem os ingleses. Para outros, no entanto – e que não devem exceder uma mão cheia – é um dia de reflexão. E este exercício, se bem que tenha como pano de fundo a Restauração de 1640, seus heróis e, sobretudo, seu exemplo, cobra grande vigência quando atentamos ao processo de dissolução nacional cuja partida oficial foi dada com a revolução de Abril de 1974, processo este que hoje continua sob nova roupagem. Já não se trata de despedaçar Portugal e entregar os pedaços, numa bandeja d’ouro, ao comunismo assassino de obediência soviética; nem expropriar empresas, invadir herdades, prender milhares de inocentes ou enviar capitalistas e inimigos do povo para o Campo Pequeno; nem vosciferar – com fato macaco, barbicha e cara patibular – contra o fascismo, a reacção, o imperialismo, etc. Hoje a coisa fia mais fino. Com falinhas mansas, sorrisos alvares, gravatas de seda, telemóveis e automóveis de alta cilindrada, os políticos que (des)governam o que resta de Portugal entretêm-se com as modernas ferramentas para a dissolução do país. Com a soberania real transferida à União Europeia e aos caprichos dos senhores de Bruxelas e Estrasburgo, os sobas do rectângulo avançam com as tarefas de casa e dão rédeas soltas a: imigração-invasão que produz desequilíbrios e descaracterização; relativização e banalização da nacionalidade portuguesa; tolerância “100” com vários tipos de delito; promoção de comportamentos que conduzem à desestabilização da instituição familiar; ataques à consciência católica, elemento estruturante da Nação; materialismo desenfreado e inaudito; (des)educação desenraizante e anti-portuguesa da juventude – entre outras barbaridades. Portugal pode e deve ser restaurado: aos corações valentes nada é impossível. Aqui está a minha homenagem aos Restauradores de 1640 e a todos aqueles que sempre puseram a Nação Portuguesa acima de tudo.
Como auxílio à reflexão deixo aqui as palavras pronunciadas a 26 de Outubro de 1933 por um dos maiores Portugueses de sempre – um Daqueles Grandes que sempre colocaram Portugal acima de todas as coisas.
“A Nação Portuguesa não é de ontem; estamos a reconstruí-la, mas não a edificá-la. Nos altos e baixos da sua história há muito esforço, muita inteligência, muita bravura, muito sacrifício. Aos que carrearam para a obra a sua pedra, por vezes até não aproveitada ou inútil, tem de poupar-se a intenção generosa e o trabalho despendido. Quem se coloca no terreno nacional não tem partidos, nem grupos, nem escolas: aproveita materiais conforme a sua utilidade para reconstruir o País; tem a grande, a única preocupação de que sirvam e se integrem no plano nacional. Aos que se obstinam em não servir a Nação; aos que pensam que cada qual pode servi-la e a serve realmente trabalhando como quer; aos que vão mais longe e crêem não dever servir a Pátria para servir teoricamente a Humanidade, é preciso também a esses fazer justiça – ao seu valor, ao seu carácter, à sua honorabilidade, mas é preciso combater sem tréguas, ainda pelo interesse nacional, o gravíssimo erro da sua posição antinacional.” A.O.S.