Quanto custa manter um Estado
"Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal!" - F. Pessoa
Um dos hábitos que cultivei durante largos anos foi o de guardar em ficheiros improvisados artigos e notas de imprensa que me pareciam interessantes. Outro hábito foi o de comparar, de tempos em tempos, o que ali se comentava, com que veio a produzir-se anos mais tarde. A falta de espaço, mesmo mitigada pelos recursos da informática, impõe o ritual do spring cleaning, nem sempre coincidente com a estação das flores. Pois foi durante a última arrumação que encontrei o comentário de um leitor a um artigo de Jean d´Ormesson, grande escritor e académico francês, publicado no Figaro em janeiro de 2000, e que versava sobre os possíveis acontecimentos que marcariam significativamente o fim do século XX. Para o ilustre homem de letras estes poderiam ser: a) uma explosão nuclear catastrófica, b) a descoberta de alguma forma de vida fora do planeta terra, c) a clonagem de um ser humano. Segundo o leitor, o autor do sublime Au plaisir de Dieu havia esquecido de mencionar o acontecimento mais provável e mais próximo: o desaparecimento da Europa actual sob o peso da imigração, processo em plena execução e que marca não o fim do século XX, mas o fim de vinte séculos de civilização cristã. Dou-lhe carradas de razão. Volvidas quatro décadas sobre o alerta de Enoch Powell - quando ainda era possível barrar o fenómeno e inverter a tendência -, nada foi feito, ou melhor, tudo foi feito, mas ao contrário. Das fronteiras escancaradas passou-se à ausência de fronteiras, da imigração em massa chegou-se à invasão. Aqui não há obra do acaso, nem dos elementos. É política traçada com régua e compasso. Os senhores da Europa sabem muito bem o que querem e para onde vão, mas não é bom o que querem nem é para o bem que estão a ir.
Por acaso assisti a alguns momentos da entrevista de António Guterres no Hard Talk da BBC World. Fiquei bem impressionado com a sua fluência na língua de Shakespeare - infinitamente superior ao inglês técnico, independente e domingueiro do quase-engenheiro que (des)anda por São Bento. Já bem menos impressionado fiquei com a sua ideia de exportar hordas de refugiados de variada extracção a países "ricos", tais como os EUA, o Canadá, a Austrália e - para variar - a nossa superlotada Europa. A imigração-invasão que vem assolando o velho continente já degradou boa parte dos europeus a cidadãos de segunda-classe em sua própria casa. A próxima etapa será a sua transformação em "refugiados". Para a Europa, pois. Bilderberguianamente e em força!
No momento em que agrava-se o enfrentamento entre os espoliados produtores agro-pecuários e o desgoverno de Bonnie & Clyde - presságio de mais uma desgraça nacional -, o país dos argentinos assiste às homenagens aos oitenta anos do nascimento de Ernesto Guevara Lynch de la Serna, o famigerado Che das t-shirts, e que culminam com a inauguração de uma estátua em bronze com quatro metros de altura na cidade de Rosário, em praça que leva o seu nome.

Dia 10 de Junho – Dia de Portugal. Mas de qual Portugal? O Portugal daqueles que o fundaram, construiram, dilataram e defenderam? Ou o Portugal dos que o traíram e despedaçaram? Ou daqueles para quem Portugal – ou o que resta dele – constitui uma nesga de terreno povoado para exploração comercial? Já que o “vocábulo” Portugal passou a ser polissémico, convém aqui precisar o que é o “meu” Portugal, o Portugal a quem rendo homenagem a cada instante da existência.
Dia 9 terá início o showtrial de António Balbino Caldeira, responsável pelo Do Portugal Profundo. Investigar, denunciar e combater sem descanso o demoníaco crime da pedofilia praticado à sombra de um Estado corrupto, é expor-se à ira implacável dos fazedores do Mal. Registo aqui a minha solidariedade com o corajoso bloguista.
A manipulação da História pelos vencedores ou, o que talvez seja pior, pelos derrotados, é assunto tão ignominioso como fascinante. How can they get away with it? - já perguntaria algum anglófono. Edificante mesmo é a versão oficial sobre a chamada Grande Guerra II, provocada pela violação, por parte do Reich alemão, da "integridade" polaca. Inglaterra e França, democratérrimas, sairam a terreiro para defender a Polónia da agressão teutónica, ainda mais nazi. Só que a rapaziada anglo-gaulesa (ainda o era na época...) esqueceu-se de ir às vias de facto com o tio Zé Estaline, o amigaço soviético que engolia e triturava, a partir do Leste, a nação de católicos exemplares, e não só... E no fim da contenda, apresentada e festejada Urbi et Orbi como vitória exemplar (assim como a "descolonização" abrilino-portuguesa do execrável Bochechas e sua troupe), lá estava a pobre Polónia, martirizada e sem a tal da "integridade", devidamente ocupada pelo comunismo russo, com o seu arame farpado e os seus cemitérios sem cruz. A propósito disso, e como que a sintetizar essa combinação fantástica de irracionalidade e hipocrisia, recomendo aqui um artigo de Patrick Buchanan, o qual toca no tema de seu último livro, Churchill, Hitler and the Unnecessary War.