Euro-Ultramarino: March 2007

Questão de postura

(pilhado à La Nación de 31-3-07)

Um dos efeitos colaterais das visitas à bibliotecas e aos alfarrabistas.

Salazar, o maior (V)

No Diário de Notícias de 14/10/2006:

Que venha pois, o ditador de Santa Comba Oliveira Salazar. Ainda que os historiadores sejam aqueles que o devam colocar no seu devido lugar, será interessante ver onde fica perante os 200 candidatos do programa. Vê-lo atrás de Figo seria de uma ironia impagável.

Salazar, o maior (IV)

Leonor Pinhão. Confesso que não conhecia a excelsa senhora com cara patibular. Cheguei a pensar que a defensora de nosso primeiro Rei saísse dos estúdios da RTP para reeditar as barricadas do 28 de setembro! Muito mal preparada para apresentar o caso de D. Afonso Henriques, a cara-de-verdugo dava a impressão de ter acumulado munição, não para apresentar o caso do qual estava incumbida, mas para aplicar bons pares de coices para cima de Salazar - e trazia tudo bem anotadinho. Será que a sua raiva canina contra o tal fascismo que diz ter vigorado na antiga Terra de Santa Maria encontra paralelo na sua compaixão pelos nascituros inocentes torturados e assassinados nos ventres das suas "matrizes"?

Salazar, o maior (III)

Até há pouco lamentei o fim do Benny Hill Show. Ao ver a actuação deste grotesco dinossauro estalinista que dá pelo nome de Odete Santos, decidi meter o humorista inglês na gaveta. Foi um gozo único ver a fina donzela assacar a Salazar exactamente tudo aquilo - sem tirar nem por - que os seus patrões, senhores e amos executaram com denodo em países sem conta, deixando um saldo de mais de cem milhões de mortos. Mas a Odete não se apoquenta com essas minudências. O que ela deseja mesmo é continuar a caçar o fáchismo! Tão empenhada nesta caça que descuidou-se da toillette e vimos a dama de ferro do PC - agora, sim, português e órfão, aprumar alguns quilos de lingerie que saíam-lhe pelo generoso bandulho. Estaria dopada? Umas aguardentes a mais? E que posso dizer quando, ao tomar conhecimento do resultado do concurso, saltou indignada a dizer em voz alta, tal qual varina à antiga, que estava-se a branquear o fáchismo? Homessa! Logo a Maria Elisa e a RTP das abriladas! Já menos divertido foi ver a menina do Seixal - vinte e poucos anitos? - a cantar lôas ao camarada Cunhal e ao paraíso marxista por ele concebido. Enfim, agradeço efusivamente à comunagem o divertimento da noite de domingo. Há poucas coisas nesta vida que dão-me mais prazer do que ver a gentalha bolchevista espumar de ódio quando o tiro lhes sai pela culatra.

Salazar, o maior (II)

"abaixo ó fáchismo! viva o democrata Vasco da Gama!"

Pela abalizada opinião de Ana Gomes ficámos a saber que Vasco da Gama - sim, aquele que partiu de Lisboa em 1498 e descobriu a rota marítima que levava às Índias -, ao contrário de Salazar (1889/1970), era um grande democrata que desejava um Portugal aberto ao mundo. Onde é que essa senhora tirou o diploma? Terá sido colega do nada socrático "engenheiro" da (In)Dependente?

Salazar, o maior (I)

Se Salazar não tivesse vencido folgadamente o concurso da RTP, e tivesse despontado em último lugar, ou nem mesmo estado entre os “dez mais”, teria a apresentadora e talentosa actriz setentista Maria Elisa referido repetidas vezes que o exercício era apenas um “passatempo”? Ou já estariam todos a trombetear aos quatro ventos e durante as 24hrs de vários dias que o resultado era a auscultação científica, rigorosa e definitiva da voz do povo português?

Mil desculpas!

Há exactos onze dias que não tem sido possível aceder ao blog desde meu computador. Fui à outra máquina e obtive acesso com alguma dificuldade - entretanto, não só haviam desaparecido os comandos básicos de tratamento de texto como tudo aquilo que escrevia terminava não sendo publicado. Lá se foi toda uma tarde em baldadas tentativas de resolver a maçada. Nada feito. Insistente que sou, hoje lá fui outra vez a brincar ao analista de sistemas e esmiuçar a engenhoca. Trata-se, sem dúvida, de um milagre. Não sei bem qual comando activei ou desactivei mas a verdade é que a "coisa" voltou a funcionar. Graças a Deus! Peço desculpas aos Amigos e visitantes pela ausência forçada e não anunciada, mormente em época de tanta baba & ranço antifáchista. Atrasado e devidamente penitenciado deixo aqui os meus redobrados parabéns ao Pasquim da Reacção e à Taberna dos Inconformados pelos respectivos aniversários que valem a pena comemorar.

Horizonte e Ploncard

Muito bem lembrado pelo Horizonte o aniversário do inesquecível Jacques Ploncard d'Assac (13-3-1910/20-2-05). E para o estimado Confrade vão aqui os parabéns pelo primeiro ano na nova "casa" - uma leitura obrigatória.

Eliade 1907-2007

Sobre Salazar, Portugal e os portugueses também escreveu Mircea Eliade (13/3/07-22/4/86) - filósofo, historiador das religiões, escritor, catedrático e nacionalista romeno. Hoje é o seu centenário de nascimento.

"Correcção política"

Dificilmente encontrar-se-ia alguém mais "politicamente correcto" do que o actual chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Jorge Telerman - judeu, comunista, maçom e, segundo dizem à boca pequena, homossexual. Será mesmo assim?

Já não há pachorra

O trânsito, um caos absoluto. A (habitual) anarquia porteña, ainda pior. Buzinas? Para estoirar os tímpanos. Tudo isto por conta do bufão venezuelano e da sua jornada de protesto contra a visita de Bush ao vizinho Uruguay. E numa sexta-feira à tarde - uma delícia! Com todo o apoio logístico oferecido pelo enragé Kirchner, reuniu-se outra vez a escumalha de costume para expelir a sua bile odiosa em praça pública. As bandeiras vermelhas, a turba mascarada, as imagens do Guevara, os porretes, o vandalismo - bem indicam o modelo de sociedade que estas criaturas têm em mente. Penso que Bush deu-se ao trabalho de dar um salto ao Paraíso-na-terra-o-Patropi para dizer a "Jesus" que se este pretende ser o leaderzito "imperial" da região é bom fazer tudo o que puder para conter o comandante caraquenho, o qual, com infinitos petrodólares, armando-se até ao dentes e disposto a mandar, aparece cada dia mais como o verdadeiro poder nestas paragens. A Argentina, carta fora do baralho, a gozar a sua esplêndida decadência, ficou igualmente fora do itinerário do presidente estadounidense, que preferiu dar um salto à capital uruguaia, prestigiar o pequeno país e insistir nas vantagens da sua integração comercial com a América do Norte - o que bastou para que a antiga Província Cisplatina incorresse na ira dos manifestantes. Sinto que este desconchávez há-de continuar por muito tempo. Isto está mesmo pavoroso! Para uma mostra do verbo do papagaio caribenho ao longo do dia de hoje - aqui.

Leitura obrigatória

"O Salazarismo e a História" - brilhante texto a não perder pela pena do Manuel Azinhal, no Sexo dos Anjos.

Mneme

Por indicação do Çamorano cheguei ao Mneme, uma intervenção bloguística que merece uma visita diária. Mal dou ali um salto e deparo com texto sobre Mircea Eliade - vai já para os "favoritos".

Bush na "Terra Santa"

Bush está de malas aviadas para uma "gira" pela América - impropriamente dita - Latina. Como o presidente estadounidense é um devotado born-again christian, o ponto alto da viagem será a visita ao Paraíso-aqui-na-terra, i.e., ao Brasil. Vai encontrar-se com Jesus. Nem mais nem menos.

Santa Comba

Tive notícia do ocorrido em Santa Comba através dos blogs de consulta diária. Já está tudo dito e muito bem dito. Se a construção do Museu Salazar é facto que considero surpreendente neste resto de Portugal das abriladas, a visita da brigada "anti-fascista" para lavrar o seu protesto - com as mesmíssimas carantonhas patibulares e cantigas ultrapassadas - já se podia esperar. Estive várias vezes em Santa Comba Dão, a caminho do Vimieiro, onde, num ritual quase religioso, percorria à pé o caminho desde o casebre de Salazar (nesta época a casa era uma ruína) ao cemitério (onde havia apenas a campa rasa com as inicias AOS), passando pela Igreja do seu baptismo. Costumava caminhar a passo lento, enquanto meditava no simbolismo daquele curto trajecto que representava o extraordinário ciclo da vida de um Homem de génio. Daquele chão humilde saíra quem havia de restaurar Portugal no seu corpo físico e moral - com inteligência, devoção e integridade incomparáveis. Para aquele mesmo chão humilde, a metros de onde nascera, acabaria por regressar. Este troço de estrada a ligar um casebre e uma campa rasa dá, na sua imagem de pobreza, a justa medida da imponente grandeza de um Ser, cujo desaparecimento físico significou o fim do último período de grandeza para Portugal - simplesmente o seu fim histórico. Vamos lá ver se Salazar terá mesmo o "seu" museu ou o museu que "outros" lhe queiram dar.

Para recordar a traição "exemplar"

Texto completo aqui.

(http://www.macua.org/)

Utopia

Pela primeira e única vez o príncipe do paradoxo escreve com a raiva a queimar-lhe a alma. Aqui Chesterton critica e profetiza. É a pobreza física dos permanentemente pobres, é a pobreza moral e espiritual de uma classe média cada vez mais reduzida, é a responsabilidade dos muito ricos - os novos senhores, "reis que não prestaram juramento nem nos conduziram a nenhuma batalha". O capitalismo pode ser tão ateu, tão desalmado e tão perverso quanto o comunismo: mastiga as pessoas antes de as expelir. Ao dissociar "corpos" e "almas" o sistema esvazia o conteúdo autêntico da vida humana, transformando-a em mera rotina para o incremento da lucratividade do capital. Não é por acaso que este foi o único livro de Chesterton não publicado inicialmente em Inglaterra - ai daqueles que ousam condenar o supremo "casal" capitalismo/comunismo e propor uma alternativa superadora!