Thursday, October 28, 2010

Kirchner: o dono da Argentina

Néstor Kirchner 1950 - 2010

Morreu o homem mais poderoso e mais rico (sim, nesta ordem e não na outra) da Argentina: Néstor Kirchner, o dono do país. Já lá vão os tempos de obscuro advogado de 26 anos, responsável pelo contencioso hipotecário do banco provincial da longínqua Santa Cruz, onde, em pleno regime militar, começou a amealhar fortuna a través da compra de casas populares, cujos proprietários, arruinados, deixavam de pagar o crédito concedido pela própria instituição da qual era funcionário. Daí foi um salto para a autarquia da capital, Rio Gallegos, o início da construção de poder e o suculento negócio da obra pública. A frutífera experiência da “gestão pública” abriu-lhe o apetite, e o objecto desejado passou a ser o cargo de Governador da Província, imenso território patagónico onde escasseiam os habitantes e abunda o “ouro negro”. E para lá foi, “senhor” das grandes obras e de bilionários contratos de exploração petrolífera, conquistando e consolidando poder regional. Em 2003, quase desconhecido em Buenos Aires, vê-se alçado à Presidência da República, por default, com apenas 22% dos votos computados. O que então ocorre é uma inaudita, extraordinária e frenética corrida para a construção de um poder nacional e total, segundo um plano de três pernas muito bem urdido. A primeira é a boa e velha corrupção para enriquecimento próprio e de clientelas, só que desta vez o esquema comprovado ao níveis municipal e provincial salta ao patamar nacional e atinge magnitudes jamais vistas. A segunda é a utilização da “caixa” para comprar subserviências e destruir opositores da forma mais violenta e acintosa. A terceira, e aqui a grande novidade, a reintrodução e manipulação permanente do factor “ódio”, a dividir a sociedade em grupos e a atirar violentamente uns contra os outros. Emblemático da sua funcionalidade é a “canonização” de terroristas e guerrilheiros e a “demonização” e prisão de militares, a quem Néstor Kirchner reserva o epíteto de “genocidas”. Mas parece que só recordou esse pormenor em 2003, já que em 1976 e depois não só trabalhou para uniformados mas com eles continuou a dar-se lindamente. Quê dizer numa hora como esta? Tanto ódio, tanta ambição de poder e dinheiro, tantos planos e estratagemas de controlo absoluto e vitalício sobre uma sociedade, um país… E tudo se esfuma numa fracção de segundo! O homem crê-se o centro do universo; está convencido de que está nesta vida por direito próprio e que é eterno; julga que pode, quer e manda e que não deve satisfações a ninguém. E num repente o Autor da vida o vem buscar. E reparamos – ou pelo menos deveríamos – que não somos nada, ou melhor: só somos alguma coisa quando, ao longo deste caminho terreno, conseguimos transmitir aos outros um pouco do amor infinito a través do qual Deus nos criou. Ao nível da sociedade política e do seu governo a receita é simples: a primeira, o Estado, ordenado a um fim transcendente – a Deus; o segundo, o governante, dedicado a obrar pelo bem comúm. Mas os homens não reparam nada, não aprendem nada, nem individualmente, ainda menos no colectivo. Que Nosso Senhor tenha piedade da alma de Néstor Kirchner. E das nossas.

1 Comments:

At 08 December, 2010 08:43 , Anonymous Anonymous said...

Los propietarios arruinados de Santa Cruz.....¿Han escrito cartas a los periódicos o en la blogsfera recordando los hechos?

 

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