Wiri quê?
Por falar em Wiriamu, em tempos londrinos escrevinhei umas linhas a uma publicação católico-modernista, The Tablet, na qual um embusteiro profissional de nome Adrian Hastings acabava de desferir - uma vez mais - o seu par de coices sobre Portugal. A primeira havia sido em 1973, nas vésperas da visita de Marcello Caetano à capital britânica, com a mediática denúncia de um tal "massacre" de Wiriamu. Escrevi ao pasquim com ganas de panfletário. Era uma época na qual sentia-me na obrigação de responder a todas as imbecilidades que lia, via ou ouvia. Felizmente consegui operar uma mudança no meu carácter, do contrário acabaria pior do que o louco da Mouraria - quem, pelo menos, sabia cantar o fado. À missiva em questão jamais recebi resposta. Se calhar a caixa de correio para os readers´comments estava cheia.
Londres, 11 de Abril de 1999
Ex.mo Sr. John Wilkins
Editor
The Tablet
1 King Street Cloisters
Clifton Walk
Londres W6 0QZ
Ex.mo Sr. Wilkins,
Foi com grande surpresa que li o artigo do Sr. Hastings — “Lutando pela Paz” — na edição de 3-10 de Abril de vossa prestigiosa publicação. Em 1973 o Sr. Hastings caluniou os portugueses com uma absurda fábula de um massacre deliberado em Moçambique. Agora, volvidos 26 anos, ao escrever sobre genocídio nos Balcãs, ele se atreve a repetir a mesma falsa acusação contra os responsáveis pelo esforço contra-terrorista naquela antiga província ultramarina portuguesa.
Entre 1961 e 1974 Portugal foi obrigado a bater-se para proteger as vidas de nossos compatriotas ultramarinos e defender a integridade da Nação, contra a subversão terrorista lançada a partir do exterior — campanha esta que visava expulsar-nos de territórios que eram nossos à luz da História e do Direito, para colocá-los sob o domínio da União Soviética. Os militares portugueses (em Moçambique mais de 50% de etnia negra) souberam proteger as populações contra os ataques dos terroristas, cumprindo o seu dever com honra, coragem e espírito de sacrifício. Em 1974 a guerrilha de obediência soviética actuante em Moçambique encontrava-se à beira do colapso total. Graças ao golpe do “25 de Abril” em Lisboa, aquele território e as suas gentes foram entregues — numa bandeja — a russos e cubanos
O Sr. Hastings sabe muito bem que jamais houve massacres deliberados praticados pelas Forças Armadas Portuguesas em Moçambique. Mas em 1973 achou por bem evidenciar casos de vítimas civis produzidas no decurso de operações militares contra-terroristas — incidentes infelizes mas correntes de guerra. E, apesar de que essas lamentáveis ocorrências tenham sido sempre reportadas e investigadas, não se provando nenhum caso de mal comportamento por parte das tropas, o Sr. Hastings deu o melhor de si para retratá-los como “massacres” deliberados. É, no entanto, curioso, que apenas as vitimas civis acidentalmente mortas pelas Forças Armadas Portuguesas correspondam à definição de “massacre” do Sr. Hastings, enquanto os milhares de homens, mulheres e crianças sistematicamente esquartejados, fuzilados ou queimados à morte por terroristas nem mesmo merecem serem mencionados — simplesmente não existiram!
É fantástico que tudo o que tem ocorrido em Moçambique no último quarto de século não é suficiente para convencer o Sr. Hastings a respeito de quem, em 1973, estava certo e quem estava errado; quem estava do lado da população e quem estava contra ela; quem estava com a dignidade e o progresso e quem estava com o terror e a miséria. Nenhuma hipótese! As centenas de milhar de mortos, as hordas de refugiados, os campos de concentração, a fome programada, a destruição maciça das estruturas económicas e sociais — “brilhantes” realizações daqueles contra quem lutávamos —, nada é suficiente para fazer o Sr. Hastings atinar quem, em fim de contas, estava do lado da verdade e da justiça e quem estava do lado do embuste e do terror.
É inacreditável que após a derrocada da União Soviética e a abertura dos arquivos de Estado, a confirmar ao mundo os horrores praticados pela mais desumana tirania da História humana, a subversão planetária, a maciça campanha de desinformação, o terror, a opressão, os crimes e os mais de cem milhões de vítimas mortais, o Sr. Hastings ainda se atreve a denegrir pessoas honradas que tiveram a coragem de proteger os seus compatriotas da assassina expansão do marxismo.
À época da campanha de calúnias do Sr. Hastings contra as Forças Armadas Portuguesas, o comandante-chefe em Moçambique era o Gen. Kaúlza de Arriaga — um católico devotado, um homem honrado e um brilhante chefe militar. Que o Sr. Hastings e seus leitores saibam que o Gen. Arriaga foi recentemente elogiado pelo Ministro da Defesa de Moçambique, o qual, tendo aprendido as lições da História — ao contrário do Sr. Hastings —, referiu o trabalho do General na capacidade de comandante-chefe como a “concretização do espírito do moçambicano-africano”.
O Sr. Hastings perdeu uma grande oportunidade de ficar calado. Caluniou homens honrados e alinhou com traidores e terroristas que transformaram um território, onde vivia-se e progredia-se em paz e com dignidade, num inferno de violência, morte, fome e destruição. Deve mesmo é proceder a um profundo mea culpa, batendo três vezes ao peito e pedindo perdão a Deus.
Com os melhores cumprimentos
Ex.mo Sr. John Wilkins
Editor
The Tablet
1 King Street Cloisters
Clifton Walk
Londres W6 0QZ
Ex.mo Sr. Wilkins,
Foi com grande surpresa que li o artigo do Sr. Hastings — “Lutando pela Paz” — na edição de 3-10 de Abril de vossa prestigiosa publicação. Em 1973 o Sr. Hastings caluniou os portugueses com uma absurda fábula de um massacre deliberado em Moçambique. Agora, volvidos 26 anos, ao escrever sobre genocídio nos Balcãs, ele se atreve a repetir a mesma falsa acusação contra os responsáveis pelo esforço contra-terrorista naquela antiga província ultramarina portuguesa.
Entre 1961 e 1974 Portugal foi obrigado a bater-se para proteger as vidas de nossos compatriotas ultramarinos e defender a integridade da Nação, contra a subversão terrorista lançada a partir do exterior — campanha esta que visava expulsar-nos de territórios que eram nossos à luz da História e do Direito, para colocá-los sob o domínio da União Soviética. Os militares portugueses (em Moçambique mais de 50% de etnia negra) souberam proteger as populações contra os ataques dos terroristas, cumprindo o seu dever com honra, coragem e espírito de sacrifício. Em 1974 a guerrilha de obediência soviética actuante em Moçambique encontrava-se à beira do colapso total. Graças ao golpe do “25 de Abril” em Lisboa, aquele território e as suas gentes foram entregues — numa bandeja — a russos e cubanos
O Sr. Hastings sabe muito bem que jamais houve massacres deliberados praticados pelas Forças Armadas Portuguesas em Moçambique. Mas em 1973 achou por bem evidenciar casos de vítimas civis produzidas no decurso de operações militares contra-terroristas — incidentes infelizes mas correntes de guerra. E, apesar de que essas lamentáveis ocorrências tenham sido sempre reportadas e investigadas, não se provando nenhum caso de mal comportamento por parte das tropas, o Sr. Hastings deu o melhor de si para retratá-los como “massacres” deliberados. É, no entanto, curioso, que apenas as vitimas civis acidentalmente mortas pelas Forças Armadas Portuguesas correspondam à definição de “massacre” do Sr. Hastings, enquanto os milhares de homens, mulheres e crianças sistematicamente esquartejados, fuzilados ou queimados à morte por terroristas nem mesmo merecem serem mencionados — simplesmente não existiram!
É fantástico que tudo o que tem ocorrido em Moçambique no último quarto de século não é suficiente para convencer o Sr. Hastings a respeito de quem, em 1973, estava certo e quem estava errado; quem estava do lado da população e quem estava contra ela; quem estava com a dignidade e o progresso e quem estava com o terror e a miséria. Nenhuma hipótese! As centenas de milhar de mortos, as hordas de refugiados, os campos de concentração, a fome programada, a destruição maciça das estruturas económicas e sociais — “brilhantes” realizações daqueles contra quem lutávamos —, nada é suficiente para fazer o Sr. Hastings atinar quem, em fim de contas, estava do lado da verdade e da justiça e quem estava do lado do embuste e do terror.
É inacreditável que após a derrocada da União Soviética e a abertura dos arquivos de Estado, a confirmar ao mundo os horrores praticados pela mais desumana tirania da História humana, a subversão planetária, a maciça campanha de desinformação, o terror, a opressão, os crimes e os mais de cem milhões de vítimas mortais, o Sr. Hastings ainda se atreve a denegrir pessoas honradas que tiveram a coragem de proteger os seus compatriotas da assassina expansão do marxismo.
À época da campanha de calúnias do Sr. Hastings contra as Forças Armadas Portuguesas, o comandante-chefe em Moçambique era o Gen. Kaúlza de Arriaga — um católico devotado, um homem honrado e um brilhante chefe militar. Que o Sr. Hastings e seus leitores saibam que o Gen. Arriaga foi recentemente elogiado pelo Ministro da Defesa de Moçambique, o qual, tendo aprendido as lições da História — ao contrário do Sr. Hastings —, referiu o trabalho do General na capacidade de comandante-chefe como a “concretização do espírito do moçambicano-africano”.
O Sr. Hastings perdeu uma grande oportunidade de ficar calado. Caluniou homens honrados e alinhou com traidores e terroristas que transformaram um território, onde vivia-se e progredia-se em paz e com dignidade, num inferno de violência, morte, fome e destruição. Deve mesmo é proceder a um profundo mea culpa, batendo três vezes ao peito e pedindo perdão a Deus.
Com os melhores cumprimentos
4 Comments:
Extraordinário libelo contra esse falso jornalista. A hipocrisia e a mentira elevadas à máxima potência. Mais outro vendido a quem lhe pagava mais. Lá como cá, o mesmo pseudo jornalismo, acobardado, temeroso, vergonhoso, a fazer o jogo dos grandes senhores. Esse não passou de mais um 'jornalista' subjugado aos poderes instalados. Lá como cá, estudaram todos pela mesma cartilha. Um nojo.
Parabéns pela reprodução da excelente carta. E parabéns pelo seu Blog.
Maria
Cara Maria,
Não há limites para a baixeza humana - sempre há alguém para quebrar o recorde da véspera. E os povos não têm memória. Obrigado pela gentileza.
Um abraço.
Uma bela carta. Que pena que as deixe de escrever... Mas creia que reconheço a analogia e que lhe dou razão.
Um abraço
Caro HNO,
Em compensação - e bem melhor - há vozes como a do Amigo, a qual,em múltiplas intervenções, sabem "bater" no inimigo como ele bem merece.
Um abraço. E força!
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home