No dia 2 de julho de 1976 a organização terrorista Montoneros fez explodir uma bomba na sede da Policía Federal Argentina, em Buenos Aires, deixando um saldo de de vinte e três mortos e setenta feridos. Há poucos dias a actual Ministra da Segurança (e ex-Ministra da Defesa) Nilda Garré, a própria antiga integrante do bando delinquente, descerrou, com pompa e circunstância, no local do hediondo atentado, uma placa a honrar a memória... da "juventude maravilhosa" que ali fora "presa, torturada e exterminada". Tudo, é claro, em nome da "memória", da "verdade" e da "justiça", a trilogia favorita desta escumalha de memória hemiplégica, especialista da mentira e da injustiça. Que os profissionais dos "direitos humanos" assim procedam, isto é, gritem indignados perante os infortúnios dos assassinos enquanto ignoram olimpicamente a imolação das suas pobres vítimas, deixou de causar surpresa nos tempos escatológicos em que vivemos. Mas que a própria polícia, como instituição, permita uma tal afronta aos seus mortos no cumprimento do dever, é sinal de que nesta cloaca social apenas resta rogar a Deus que a leve e ao Diabo que a carregue.