"Bicentenário" argentino

La versión escolar que asigna al movimiento de Mayo un carácter fundacional de la nación, un plan preconcebido por un grupo de hombres preclaros y sostenidos ideológicamente por los principios de la Revolución francesa, ha sido ya revisada por los historiadores, en particular desde la conmemoración del sesquicentenario allá por 1960. Pero faltaba un estudio que compendiara el proceso que desemboca en Mayo y que, más allá de las diversas interpretaciones que se fueron construyendo, y que enriquecieron los abordajes conceptuales, acercara al público lector un examen del desarrollo de los principales acontecimientos de modo accesible en la narración de los hechos y, a la vez, riguroso en el análisis.

Ontem festejou-se com pompa e circunstância o equivocamente chamado "bicentenário" da Argentina... como se o país dos gaúchos tivesse sido criado da noite para o dia por meia dúzia de iluminados pela trilogia francesa de 1789. Há cem anos o país platense oferecia ao mundo o espectáculo do "milagre" argentino: em 30 anos transformara-se a pampa em uma das sociedades mais ricas, mais cultas e mais desenvolvidas do orbe; e a sua capital, de modesta cidade portuária e criolla à opulenta, imperial e elegante Paris da América do Sul. Nestes últimos cem anos os argentinos perderam a bússula: assaltados por fúria destruidora, trataram de deitar abaixo o património pacientemente edificado; como se isso fosse pouco, com igual afinco se dedicaram a trucidar-se. Hoje este grande país está de rastos, entregue a uma escumalha de pulhíticos da pior espécie, com a metade dos argentinos a vegetar na miséria, com as fábricas fechadas para que sejam os brasucas muy amigos a produzir e vender, com a agro-pecuária - outrora sector de vanguarda - oficialmente achacada, uma sociedade sem honra e sem futuro. Maurras dizia que democracia destrói o que a aristocracia constrói. É assim em todo lado, é assim em terras argentinas. Nesta descida acelerada do plano inclinado o paralelo com Portugal é inegável: é a "excepcionalidade" argentina, do único país desenvolvido - digamo-lo de uma vez: civilizado - que retrocede, pela própria vontade, ou falta dela, ao subdesenvolvimento. É a "excepcionalidade" portuguesa, da única nação euro-ultramarina - que progride na ordem e com figurino próprio - que resolve mutilar-se no corpo e no espírito, até transformar-se num terreno exíguo e que sobrevive mediante o favor de terceiros. Tenho imenso afecto pela Argentina e profunda admiração pelos argentinos dignos do nome, especialmente por aqueles que combatem sem descanso, em múltiplas iniciativas, pela restauração nacional que se impõe. Restauração, claro está, hispano-católica. E é junto com eles que clamo: Nuestra Señora de Luján, ruega por nosotros!

E para a compreensão do que realmente ocorreu em 1810 é leitura obrigatória, politicamente incorrecta, o livro de Vicente Massot, Revolución. Mayo de 1810.