Friday, January 30, 2009

Vacaciones

O calor porteño dá uma curta e moderada trégua e para março, pese o refrigério de Punta del Leste e Mar del Plata, diz-se que isto aqui vai para o espaço - pela enésima vez... Oh tédio! Do outro lado do charco a cáfila do socialismo do século XXI (dar cabo da Lei Natural + apaparicar especuladores financeiros + encher as algibeiras) reúne-se - para variar - no Patropi do (quase) torneiro-mecânico de Brasília. Quem sabe não dou um salto à capital pátria, encharcada na chuva constante e às voltas com as peripécias imobiliárias do (quase) engenheiro só-crash... Diz-me aqui um amigo francês das Caraíbas que a democracia é uma maravilha: com ela o povo não só tem o que merece mas também os (des)governantes com os quais se parece. Verdade nua e crua.

Aniversariante do dia

Dois anos a combater os mosquitos intelectuais com asperções de um terrível composto: factos e lógica. Vão aqui os meus parabéns para o Manlius. E que continue por muitos e muitos anos a purificar-nos o ambiente.

Wednesday, January 21, 2009

Aniversariante do dia

Existe um blog que, diariamente, faça chuva ou faça sol, aí está a dizer da sua e da nossa Verdade. Em poucas e bem escolhidas palavras - às vezes uma só - diz o essêncial, sintetiza tudo, atinge a raíz. Trata-se do Eternas Saudades do Futuro, que hoje cumpre dois anos. Vão aqui os parabéns e um abraço amigo.

Tuesday, January 20, 2009

20-01-2009. Dia de São Sebastião e não só.


Hoje, ao divisar-se no horizonte a linha de chegada, a Revolução acelera sobremaneira o passo. O plano inclinado da regressão humana vai tender cada vez mais para uma linha perpendicular.

Monday, January 19, 2009

Lição para um combate nacionalista

Da pena de Alguém que sabe. A ler na íntegra:

Edificante

Outro dia estive a dar uma olhadela numa bibliografia de história contemporânea portuguesa, realizada em meio académico. Relativamente ao período do Estado Novo lá estava, em variada e numerosa companhia, a monumental biografia salazariana de Franco Nogueira. Esta vinha acompanhada de uma advertência: o autor havia sido, por sete anos, ministro de Salazar... Também figuravam vários volumes do Prof. Fernando Rosas, entre muitos outros da mesma seara. Esfreguei bem os olhos - os anos não perdoam! - e voltei a espiar, não encontrando ali nenhum comentário adicional a orientar o leitor. Confesso que fiquei esclarecido: ter militado num partido comunista estaliniano, ter sido colaborador dedicado da Comissão do Livro Negro sobre o Regime Fascista, ser o historiador predilecto do regime engendrado pelo 25 do 4 do 74, ser fundador e deputado de um Bloco de Esquerda trotskysta, nada disso afecta, minimamente, a objectividade do juízo que o afamado investigador formula sobre o consulado de Salazar. A isso chama-se "neutralidade académica". Vai bem e recomenda-se.

Friday, January 16, 2009

Spam escatológico?

Lá do Médio Oriente caliente, vía Espanha, caiu isto aqui na caixa de correio. Talvez resto de zanga antiga com os Reis Católicos, bem temperada ao estilo zapatero, i.e., sueladezapato... Dêem lá uma boa espiadela - até ao final. E tirem as vossa conclusões.

Tuesday, January 13, 2009

David Niven e o "uísque" - recordações do exílio setentista

Thursday, January 08, 2009

Estado de ânimo

Je suis désespéré, moi l'Européen, j'aime encore tout ce qui fût et qui s'en va.

Drieu La Rochelle

Wednesday, January 07, 2009

O Dicionário que falta

Um antigo compromisso obrigou-me a mergulhar na historieta mal-cheirosa da abrilada cravícola, algo que prefiro manter nas valetas do esquecimento. Mas lá fui eu, a topar com MFAs, anti-fascismos, amanhãs que cantam, (des)constituição a caminho do socialismo, sanguinolentas entregas africanas e, naturalmente, com a canalha de costume: criminosos, patifes, sem-vergonhas e idiotas de variada extracção. Foi então que lembrei do Rivarol e do seu magnífico Petit Dictionnaire des grands hommes de la Révolution. Em muitos casos basta substituir os nomes correspondentes às entradas e o resto encaixa como luva em muitos dos "nossos" abrileiros.

La Poule:

Poucos grandes homens ascenderam com tanta naturalidade [...]. A que se deve a sua ascenção? À sua baixeza.

Mirabeau (Conde de):
Esse grande homem compreendeu muito cedo que a menor virtude poderia detê-lo no caminho da glória, e, até ao dia de hoje não permitiu-se nenhuma.

[...] é capaz de tudo por dinheiro, até de uma boa acção.

[...] é o homem que mais se assemelha à sua reputação: é horrível.

Agora digam lá: não é que o descolonizador exemplar, multi-doutor honorário, globetrotter e milionário pode enfiar os barretes do La Poule e do Mirabeau?

Liancourt (Duque de):

[soube acomodar-se com todos]
Um êxito tão universal é sumamente raro, e que exige um homem de uma mediocridade insuperável.

Dubois:
Soldado raso na Guarda Francesa, mas desertor imortal.

Deixo os dois barretes acima ao critério dos amáveis leitores (a escolha é fartíssima...)

Mas o languedoquiano contra-revolucionário ainda dedica uns mimos ao palratório democrático...

Assembleia Nacional:
Neste augusto areópago é onde temos visto brotar génios que, sem a Assembleia, seriam ainda dejectos da sociedade [...].

Imagina-se hoje que um homem é um parvo, porque carece de elegância, fala mal de qualquer tema, suas próprias ideias o confundem, e a razão aniquila-se na sua boca. A experiência destrói todos os dias esse horrendo preconceito. Se esse mesmo homem está realmente marcado com a chancela da mediocridade, logra pelo menos uma espécie de fama [...], eis aqui o que caracteriza todos os grandes homens da revolução.

Fica, pois, a sugestão para uma versão luso-abrilina do Dictionnaire. Como se pode ajuizar, não será trabalho de monta - apenas uma adaptação.

Quem sabe, sabe...

(Imagens respeitosamente picadas ao sítio da Anti-Defamation League)

Monday, January 05, 2009

De párias a senhores planetários

Os massacres de palestinianos pelo chamado Estado de Israel são, já se sabe, uma rotina, especialmente durante a nossa Quadra Natalícia. Muitos, por esse mundo fora, estarão com os olhos postos naquele pedaço de terra histórica, onde, um dia, jogou-se a sorte da humanidade. Se bem que bater o pé - e não só... - para retornar melodramaticamente à terra bíblica e fundar um Estado, terminando teoricamente com a Diáspora, faz parte da história real, a verdade é que para a dirigência judaica mundial, a "Pequena Democracia do Médio Oriente" não constitui muito mais do que um parque temático de diversão. A dela, é claro. O que realmente interessa passa por outras coordenadas e afecta não só os palestinianos - nós também somos contemplados.

Para reflexão vai aqui um texto de Giovanni Papini tirado do seu "Gog".

LAS IDEAS DE BENRUBI

Ginebra, 30 de julio

He hecho publicar en algunos periódicos este anuncio: “Deseo secretario políglota, filosofo, célibe, paciente, nómada. Presentarse hasta el 20 de julio, Hotel Mon Repos, a las diez de la noche.”

Como desde hace algún tiempo sufro de insomnio, el examen de los candidatos me ayudará a pasar la noche.

Han venido sesenta y tres. Entre estos sesenta y tres, cuarenta y siete eran hebreos. He elegido un hebreo: el que me ha parecido más inteligente de todos.

El doctor Benrubi tiene todas las cualidades que pedía y algunas más en que había pensado. Es un joven bajo, con las espaldas un poco curvas, las mejillas hundidas, los ojos profundos, los cabellos ya un poco blanquecinos, la piel de color verdoso de barro de pantano. Nació en Polonia, hizo sus primeros estudios en Riga, se doctoró en filosofía en Jena, en filología moderna en París, ha enseñado en Barcelona y en Zürich. Tiene el aspecto pobrísimo y la expresión de un perro que teme ser apaleado, pero que sabe, sin embargo, que es necesario.

Le he preguntado, charlando, por qué los hebreos son, de ordinario, tan inteligentes y tan miedosos

—¿Miedosos? Se refiere probablemente al coraje físico, material, bestial. En cuanto al espiritual los hebreos no son únicamente valerosos, sino temerarios. No han sido nunca héroes a la manera bárbara, ni siquiera, creo, en la época de David, pero han sido los primeros, entre todos los pueblos, que comprendieron que el verdadero trabajo del hombre consiste más bien en ejercitar la mente que en matar criaturas semejantes a ellos.

“Además, después de la Dispersión, los hebreos han vivido siempre sin Estado, sin gobierno, sin ejército: grupos esparcidos en medio de unas multitudes que los odiaban. ¿Cómo quiere que se desarrollase en ellos el heroísmo de los Cruzados y de los Condottieri?

“Para no ser exterminados tuvieron que inventar su defensa. Hallaron dos: el dinero y la inteligencia.

“Los hebreos no aman el dinero. Tres cuartas partes de su literatura, sin contar los Profetas, es la glorificación de los pobres. Pero los hombres destruyen con el hierro y se compran con el oro. No pudiendo adoptar el hierro, los hebreos se protegieron con el oro, el metal más estético y más noble. Los florines fueron sus lanzas, los ducados sus espadas, las esterlinas sus arcabuces, y los dólares sus ametralladoras. Armas no siempre eficaces, pero cada vez más potentes, de siglo en siglo, a causa del cariz que toma la civilización. El hebreo convertido en capitalista por legítima defensa, se ha transformado, por culpa de la decadencia moral y mística de Europa, en uno de los amos de la tierra, contra su mismo genio y contra su voluntad. Primeramente le han obligado a ser rico, después han proclamado que la riqueza es lo principal de todo, de modo que por voluntad de sus enemigos el pobre de la Biblia y el recluso del Guetto se ha convertido en el dominador de los pobres y de los ricos.

“Lo que fueron arneses de protección se convirtieron, con el tiempo, en instrumentos de venganza. Mucho más potente que el oro es, en opinión mía, la inteligencia. ¿De qué manera el hebreo pisoteado y escupido podía vengarse de sus enemigos? Rebajando, envileciendo, desenmascarando, disolviendo los ideales del Goïm. Destruyendo los valores sobre los cuales dice vivir la Cristiandad. Y de hecho, si mira usted bien, la inteligencia hebrea, de un siglo a esta parte, no ha hecho otra cosa que socavar y ensuciar vuestras más caras creencias, de las columnas que sostenían vuestro pensamiento. Desde el momento en que los hebreos han podido vivir libremente, todo vuestro andamiaje espiritual amenaza caerse.

“El Romanticismo alemán había creado el Idealismo y rehabilitado el Catolicismo; y viene un pequeño hebreo de Düsseldorf, Heine, y, con su genio alegre y maligno, se burla de los románticos, de los idealistas y de los católicos.

“Los hombres han creído siempre que la política, moral, religión, arte, son manifestaciones del espíritu y que no tienen nada que ver con la bolsa y el vientre; llega un hebreo de Treviri, Marx, y demuestra que todas aquellas idealísimas cosas vienen del barro y del estiércol de la baja economía.

“Todos se imaginaban al hombre de genio como un ser divino y al delincuente como un monstruo; llega un hebreo de Verona, Lombroso, y nos hace tocar con la mano que el genio es un semiloco epiléptico y que los delincuentes no son otra cosa que nuestros antepasados sobrevivientes, es decir, nuestros primos carnales.

“A fines del ochocientos, la Europa de Tolstoi, de Ibsen, de Nietzche, de Verlaine se hacía la ilusión de ser una de las grandes épocas de la humanidad; aparece un hebreo de Budapest, Max Nordau, y se divierte explicando que vuestros famosos poetas son unos degenerados y que vuestra civilización está fundada sobre la mentira.

“Cada uno de nosotros está persuadido de ser, en el conjunto, un hombre normal y moral; se presenta un hebreo de Freiberg en Moravia, Sigmund Freíd, y descubre que en el más virtuoso y distinguido caballero se halla escondido un invertido, un incestuoso, un asesino en potencia.

“Desde el tiempo de las Cortes de Amor y del Dulce Estilo Nuevo estamos habituados a considerar a la mujer como un ídolo, como un vaso de perfecciones; interviene un hebreo de Viena, Weininger, y demuestra científicamente y dialécticamente que la mujer es un ser innoble y repugnante, un abismo de porquería y de inferioridad.

“Los intelectuales, filósofos y otros, han considerado siempre que la inteligencia es el medio único para llegar a la verdad, la mayor gloria del hombre; surge un hebreo de París, Bergson, y con sus análisis sutiles y geniales abate la supremacía de la inteligencia, derroca el edificio milenario del platonismo y deduce que el pensamiento conceptual es incapaz de captar la realidad.

“Las religiones son consideradas por casi todos como un admirable co9laboración entre Dios y el espíritu más alto del hombre; y he aquí que un hebreo de Saint-Germain-en-Laye, Salomón Reinach, se ingenia para demostrar que son simplemente un resto de los viejos tabús salvajes, sistemas de prohibiciones con superestructuras ideológicas variables.

“Nos imaginábamos vivir tranquilos en un sólido universo ordenado sobre fundamentos de un tiempo y de un espacio separados y absolutos; sobreviene un hebreo de Ulm, Einstein, y establece que el tiempo y el espacio son una sola cosa, que el espacio absoluto no existe, ni tampoco el tiempo, que todo está fundado sobre una perpetua relatividad y que el edificio de la vieja física, orgullo de la ciencia moderna, queda destruído.

“El racionalismo científico estaba seguro de haber conquistado el pensamiento y haber encontrado la llave de la realidad; se presenta un hebreo de Lublin, Meyerson, y disuelve también esta ilusión: las leyes racionales no se adaptan nunca completamente a la realidad, hay siempre un residuo irreducible y rebelde que desafía el pretendido triunfo de la razón razonante.

“Y se podría continuar. No hablo de política, donde el dictador Bismarck tiene como antagonista al hebreo Lasalle, donde Gladstone fue superado por Disraeli, donde Cavour tiene como brazo derecho al hebreo Artom, Clemenceau al hebreo Mandel y Lenin al hebreo Trotzki.

“Fíjese que no le he puesto delante nombres obscuros o de segundo orden. La Europa intelectual de hoy se halla, en gran parte, bajo la influencia o, si quiere, el sortilegio de los grandes hebreos que he recordado. Nacidos en el medio de pueblos diversos, consagrados a investigaciones diversas, todos esos alemanes y franceses, italianos y polacos, poetas y matemáticos, antropólogos y filósofos, tienen un carácter común, un fin común: el de poner en duda la verdad reconocida, rebajar lo que está elevado, ensuciar lo que parece puro, hacer vacilar lo que parece sólido, lapidar lo que es respetado.

“Esta propinación secular de venenos disolventes es la gran venganza hebraica contra el mundo griego, latino, cristiano. Los griegos se han burlado de nosotros, los romanos nos han diezmado y dispersado, y los cristianos nos han torturado y despreciado, y nosotros, demasiado débiles para vengarnos con la fuerza, hemos realizado una ofensiva tenaz y corrosiva contra las columnas sobre las cuales reposa la civilización nacida de la Atenas de Platón y de la Roma de los emperadores y de los papas. Y nuestra venganza se halla en un buen punto. Como capitalistas, dominamos los mercados financieros en un tiempo en que la economía los es todo o casi todo; como pensadores, dominamos los mercados intelectuales, agrietando las viejas creencias sagradas y profanas, las religiones reveladas y las laicas. El hebreo reúne en sí los dos extremos más temibles: déspota en el reino de la materia, anárquico en el reino del espíritu. Sois nuestros servidores en el orden económico, nuestras víctimas en el orden intelectual. El pueblo acusado de haber matado a un Dios ha querido también matar a los ídolos de la inteligencia y del sentimiento y os obliga a arrodillaros ante el ídolo máximo, el único que permanece en pié: el Dinero. Nuestra humillación, que va desde la esclavitud de Babilonia a la derrota de Bar-Cosceba y se perpetúa en los guettos hasta la Revolución Francesa, ha sido finalmente vengada. ¡El paria de los pueblos puede cantar el himno de una doble victoria!

Mientras hablaba, el pequeño Benrubi se había ido exaltando; sus ojos, en el fondo de las órbitas, brillaban; sus delgadas manos cortaban el aire; su voz blanda se hacía estridente. Se dio cuenta de que había dicho demasiado y se calló de pronto. Reinó un largo silencio en la habitación. Al fin el doctor Benrubi, con voz tímida y baja, me preguntó:

—¿No podría usted anticiparme mil francos sobre mis honorarios? Tengo que hacerme un vestido, desearía pagar algunas pequeñas deudas…

Cuando tuvo el cheque en su poder me miró con una sonrisa que quería ser espiritual.

—No tome al pie de la letra las paradojas que le he dicho esta noche. Los hebreos somos así: nos gusta demasiado hablas y cuando se ha comenzado se continúa hablando… y se termina siempre por molestar a alguien. Si le he ofendido en algo le ruego que me perdone.