Thursday, October 30, 2008

Pisar fundo

Graças a Deus sou imune à democratite. Nunca enfiei um voto numa urna e espero jamais o fazer. Fujo aos pulhíticos profissionais, aos partidos, ao sufrágio universal e à soberania popular tal qual Mafoma foge ao toucinho. Confio que um dia esse sistema perverso que nos desgoverna vai acabar – por las buenas o por las malas, como diz o gentio cá do burgo. E falando-se em carnavais eleiçoeiros, concordo com o Caro João Marchante quando diz que os dois candidatos à presidência estadounidense são “apenas duas faces da mesma moeda”. Entretanto creio que, embora as duas figuras sejam servos do mesmo amo, ao velho processo de destruição das sociedades tradicionais e construção da nova ordem mundial pode ser imprimida maior ou menor velocidade, consoante o escolhido para habitar Pennsylvania 1600.

Thursday, October 23, 2008

Recordar as grandes certezas

Roubo

Historicamente habituados a confiscos de variada extracção os argentinos terão de aturar mais um. O cesarismo conjugal kirchnerista, desesperado por rechear as arcas bastante esvaziadas, vai proceder à estatização dos fundos de pensão privados. Diz o governo, decerto num arroubo chistoso, que a medida visa a garantir a integridade patrimonial dos beneficiários... Conhecemos de sobejo a incompetência do Estado gestor, mas conhecemos ainda melhor a perícia do Estado ladrão.

Escandaleira

O Seu Silva, Presidente do Brasil, decretou que todos os estabelecimentos agro-pecuários do país estão obrigados a "pôr de lado" 20% de sua área produtiva. Tais áreas devem ser medidas por agrimensor, cartografadas, cercadas, fotografadas por câmara aérea - e o dossier completo depositado em registo predial correspondente. Tudo custeado - naturalmente - pelos pseudo-proprietários. Em caso de não cumprimento a multa diária corresponde a algo como 1.750 euros por cem hectares não "reservados" para o bom uso do governo do Seu Silva. Com 17.500 fazendas devidamente invadidas, pilhadas, confiscadas e tornadas improdutivas sob os incomparáveis auspícios do Estado brasileiro, não custa muito especular sobre o destino que será dado a esses 20% de terra produtiva "reservada".

Tuesday, October 21, 2008

Bons ventos dos lados do Estoril

Há para aí quem diga que ninguém é insubstituível. Não posso estar em maior desacordo com tal asserção. O Paulo Cunha Porto está de regresso. Em casa nova, apenas sua, em grande estilo. Insubstituível.

Wednesday, October 15, 2008

Da outra margem

Atravesso o Rio da Prata para uns dias em Montevidéu, capital desta simpática criação diplomática que dá pelo nome de Uruguay. A primeira cidade, a primeira igreja, a primeira escola, devem-se ao arrojo do homem português de Seiscentos (Colónia do Sacramento). Aqui mesmo estiveram estabelecidos os portugueses até que foram desalojados por D. Bruno Mauricio de Zavala, Teniente General de los Reales Ejércitos, quem, no mesmo local, em 1724, oficialmente funda a cidade de Montevideo. Vou a uma grande festa pelo centenário do colégio britânico. Simplesmente um espectáculo - o altíssimo nível, a organização, os mais pequenos detalhes. Resquícios de uma Inglaterra à antiga que teima em sobreviver na região platense, na memória dos caminhos-de-ferro, dos meat packers, dos tramways, da electricidade, do comércio, das companhias de navegação. Coisas boas, com certeza. Mas cumpre referir - igual e infelizmente - a pérfida acção distribuída por igual entre adversários (Espanha) e "aliados" (Portugal). Do trabalho de sapa ao financiamento à subversão e à secessão, da difusão de ideologias dissolventes à pirataria e à intervenção directa, Albion deixou males indeléveis - um deles é a maçonaria, cuja forte influência sente-se sem disfarces no Uruguay. Enfim... Soube que o antigo presidente Bordaberry, preso no início de 2006 por ter ousado - no início dos '70 - combater a Revolução e instituir um regime corporativo-católico, encontra-se doente, agora em prisão domiciliar. Enquanto isso antigos guerrilheiros, assaltantes e subversivos partilham gabinetes no palácio do governo. E, directamente da Pátria lusa, o grupo Pestana disputa um emblemático e senhorial hotel-casino e a Portucel ameaça com a construção de uma grande fábrica de pasta de papel. Assim vamos andando.

Wednesday, October 08, 2008

Delírio tropical

A mais maió, mais grandji e mais milió moeda do mundo, o (i)real brasileiro, perde, em poucos dias, 50% do seu valor face ao dólar estadounidense. Quer dizer: os brasucas ficaram 50% mais pobres em relação ao resto do mundo. E uns bons 45% mais pobres que os argentinos, cujo peso - parece - vem aguentando heroicamente. Mas o Brasiu não era o paraíso terrestre governado por Deus em pessoa, i.e., pelo Pizidêntchi Siuva?

Thursday, October 02, 2008

Leitura obrigatória

Sistema parido no "gueto" e na "loja", essencialmente demagógico, hipócrita, relativista, materialista e corrupto, a democracia, quando examinada pela lente da recta doutrina católica, consegue ser algo ainda pior: revela-se intrinsecamente perversa. Da pena do Prof. Antonio Caponnetto, La perversión democrática é um texto contra-revolucionário fundamental, onde são rigorosamente examinadas as razões pelas quais um católico coerente não pode ser democrata, não pode aceitar o sufrágil universal e a soberania popular, não pode integrar a partidocracia, não pode aceitar o relativismo, não pode - em suma - professar uma religiosidade subvertida. Um autêntico manual de combate. Indispensável.

(Librería y Editorial Santiago Apóstol, Riobamba 337, Buenos Aires/Argentina, Tel. (011) 4611-5434/4372-9670)

Wednesday, October 01, 2008

Apetece ler Reynold

Le Portugal est prédestiné a être un État chrétien, un État Catholique. Toutes les fois qu'il oublie, il se retrouve nu comme Adam après le péché. Nu, c'est-à-dire un petit pays divisé, décadent, sans raison d'être. Le régime de Salazar n'est-il point le préliminaire, la préparation de l'État chrétien?

Assim escreveu Gonzague de Reynold em Portugal (1936). De facto, o "oubli" português ocorreu, outra vez, em '74 - e parece definitivo.

Apetece ler Chesterton

Too much capitalism does not mean too many capitalists, but too few capitalists.

Em tempos de crash bolsista e crise mundial, especulações e manipulações financeiras planetárias, pedaços de papel, "derivativos" e demais ficções de um mundo povoado pelos escravos da matéria.

Em três livros, The Outline of Sanity, Utopia of Usurers e What's wrong with the World, são analizadas, com clareza meridiana, as razões de tantas maleitas e desconchavos.