Friday, March 28, 2008

Acordar bem disposto

Hoje acordei assim. Com espírito de Camelot du Roi. "Une canne dans la main et un dans la poche un bon livre". Aparentemente os agro-pecuaristas argentinos cederam e as acções de protesto foram suspensas - tudo em nome do diálogo com um governo da treta. No meu pessimismo antropológico crónico tiro o livro do bolso e continuo a leitura, mas o cacete fica aqui mesmo ao pé.

Thursday, March 27, 2008

Haja panelas


A Argentina outra vez - quase - em pé de guerra. Sector ao mesmo tempo tradicionalista e modernizante, a agro-pecuária resolveu enfrentar o governo Bonnie & Clyde do casalinho Kirchner. A troco de quê? É que, para variar, os governantes populistas argentinos dão em expropriar o sector mais produtivo da economia para - dizem eles - fazer a "justa" distribuição do rendimento. Tendo como pano de fundo a subida extraordinária dos preços dos commodities dos anos recentes o governo soixante-huitard da multimilionária díada avança com a cantiga antioligárquica, ultrapassada e pestilenta, a qual podia ter algo de verdadeiro lá para os anos `30 - época da Argentina rica e culta, milagrosa e modelar, dos palácios franceses e das colecções de arte capazes de fazer inveja a europeus e estadounidenses. A realidade hodierna é bem outra. Noventa por cento dos agro-pecuaristas são pequenos e medianos propritários, que arriscam, investem e trabalham diariamente com as próprias mãos: pais, filhos e empregados a arrostar com todo tipo de dificuldades, naturais ou criadas pelo homens, i.e., pelo Estado. Responsável pelo milagre económico argentino de 1880-1910 e tábua de salvação nacional em todas as (incontáveis) crisis que se abateram sobre o país, especialmente a débâcle de 2001/2002, os agro-pecuaristas vêm sendo expropriados através das chamadas "retenções" à exportação. Estas consistem em puro e simples confisco de altíssima percentagem do valor das vendas externas. Incrementada no último dia 11 de março (É assim! Aqui também a História registará um "11 de março"!) as famigeradas retenciones já atingem 44% do valor da produção. Se a isso acrescentamos os demais impostos o sector vê-se obrigado a entregar ao Estado mais de 80% do que produzem. Com tais recursos a máfia (des)governante bonnieclydeana pode dar asas à demagogia e à compra despudorada de votos e favores em grande escala. Esta foi a fórmula kirchneriana para a construção e manutenção do seu poder pessoal - um regime corrupto, truculento e rasca. Pela primeira vez mobilizam-se os agro-pecuaristas de Norte a Sul do país, acompanhados de largas franjas da população, em manifestações contra a perseguição safada e demagógica ao campo e, igualmente, contra as patifarias inumeráveis e inenarráveis destes salafrários instalados na Casa Rosada desde 2003. Das montanhas áridas e coloridas de Jujuy à Tierra del Fuego ouvia-se um só "cacerolazo", a dilecta forma de protesto à argentina. À uma manifestação pacífica e civilizada no centro da cidade de Buenos Aires Kirchner enviou a sua tropa de choque do rebotalho, os temíveis piqueteros, com as suas caras patibulares, os seus tambores e bandeiras e, sobretudo, os seus porretes e correntes... É a "democracia" daqueles que enchem a boca com o vocábulo para esconder a verdadeira face de déspota funesto, que não veio para salvar mas para servir-se. As câmeras registaram algumas cenas de pugilato, de agressão, de dentes partidos, e gravou para a posteridade o dirigente piquetero favorito do casal Kirchner, um inqualificado energúmeno que no CV ostenta um assalto a uma esquadra, toma de reféns e invasão de propriedade privada - além da chefia de uma secretaria de Estado no governo Kirchner I, a golpear um cidadão que manifestava a favor da gente do campo. Pese os casos isolados de violência física, não permitiu a Providência Divina que o choque frontal de interesses - os legítimos e os escusos - escalasse ao estágio de guerra campal. Os dois lados permanecem irredutíveis; o daqueles que têm a força da razão e aqueles que contam com a razão da força. O ódio sectário continua a ser uma faceta da vida desta comunidade política que há muito dá claros sinais de dissolução. Os adeptos da teoría dos ciclos afirmam que a Argentina experimenta uma grave crise a período de sete anos. A última deu-se no fim de 2001. Já não há pachorra.

Tuesday, March 25, 2008

Parabéns Corcunda!

Vai atrasado de um dia mas ainda a tempo: um porto de honra pelos quatro grandes anos do Pasquim da Reacção. A garrafeira está cheia de "vintage", assim que faça o favor de postar por muitos e muitos anos mais.

Bye-bye Buthan

Sob os aplausos da chamada comunidade internacional e considerável alarde mediático, o Reino de Butão - conhecido como morada de deuses e imortais, reduto de tradição e misticismo - vai pela primeira vez às urnas, declarando a sua adesão à democracia. Tenho a certeza de que o espectáculo dos partidos políticos, dos políticos profissionais e das maiorias numéricas a definir a verdade e o erro, irão garantir o bem-estar, a integridade e a continuidade deste pequeno Shangri-La.

Sunday, March 23, 2008

Domingo de Páscoa

Uma Santa Páscoa a todos que por aqui passam.

Friday, March 21, 2008

Sexta-feira da Paixão

Wednesday, March 19, 2008

Nonas e "A outra face do 25 de Abril"

Que seria do espaço nacionalista da blogosfera portuguesa sem a intervenção do Nonas? Nem é bom pensar em tal hipótese... A respeito da verdadeira face da revolução que cravou Portugal em ´74, aqui vai uma das suas pérolas. A não perder!

Micas e os abrileiros

Chegou-me às mãos o livro de “Micas” sobre os seus “35 com Salazar”. Só que o volume aparece com um co-autor, um sr. Joaquim Vieira, apresentado como “jornalista e ensaísta”, e cuja função é “passar para o papel” as memórias da pupila do Presidente do Conselho, fornecendo-lhes – e aqui é que está a pièce de résistance – o devido “enquadramento histórico”. Já na dedicatória o enquadrador histórico invoca os pais para agradecer o ensinamento das virtudes da “tolerância”... O que vem a seguir, o tal “enquadramento histórico”, é simplesmente a inserção, na introdução e em cada capítulo, de extensos comentários a respeito dos temas invocados e dos episódios rememorados pela sra. Maria da Conceição de Melo Rita. É assim: o sr. Joaquim Vieira, experimentado na arte da escrita e, pelo que se vê, também na ciência histórica e política, ao dar uma mãozita à tarefa da Micas, aproveita para dar a sua opinião acerca de Salazar, homem e obra, não vá para aí algum leitor incauto sensibilizar-se demasiado com o retrato simpático e bondoso do estadista feito por sua protegida. Armado com o vocabulário de costume – o “ditador”, repetido à exaustão; a “ditadura”; a “censura”; a "Pide", “polícia política que persegue, prende e tortura”; o "Tarrafal"; a "execução" de Humberto Delgado; a "guerra colonial", resultante da "obstinação e intransigência do ditador”; as “práticas protofascistas”; etc., etc. e, sobretudo, etc. – o enquadrador histórico vai desferindo coices aqui e acolá, num autêntico exercício de apresentar o negativo do retrato de Salazar desenhado pelas saudosas e saborosas recordações de sua antiga pupila. Tem interesse, sem dúvida, o relato da sra. Maria da Conceição, com a revelação de pormenores acerca da vida caseira do homem Salazar, nos raros momentos em que não era o super-homem do Estado. É de louvar a iniciativa de dar a conhecer o seu testemunho e manifestar a sua fidelidade inabalável à memória de Salazar. O que está mal é a má companhia de Joaquim Vieira. Infelizmente, estou convencido de que as recordações da Micas vão ajudar a nova estratégia antisalazariana dos abrileiros – a banalização do homem, iniciativa cujo grande promotor parece ser o sr. Fernando Dacosta, outro "ensaísta e jornalista". A demonização absoluta não resultou. Daí passaram à ocultação pura e simples. Mas a imagem de Salazar, a memória do homem e da obra, o exemplo ímpar, puramente genial, insistem em pairar tal nuvem negra de tempestade sobre as cabecinhas da cáfila que desmantelou Portugal – daí a raiva canina, a baba e o ranho. Parte-se então para a banalização. Vão querer transformar Salazar num homem qualquer. Qualquer como os outros. Qualquer como eles, os abrileiros? A tropa das bananas, ou banalizadora, preparadíssima que está, não vai dormir na formatura. Não vai não. Vai mesmo é ser chumbada. A verdade pode levar muito tempo, mas acaba sempre por vir ao de cima.

Tuesday, March 04, 2008

Dever de governante

Se Álvaro Uribe autorizou o exército a cruzar uma fronteira internacional para caçar terroristas assassinos de colombianos - e que, no país vizinho, encontram conveniente santuário - está de parabéns. Fez o que um governante digno tem a obrigação de fazer. Mas o presidente colombiano está só num sub-continente dominado pela esquerda, se não aliada, no mínimo simpatizante da guerrilha narco-marxista. Uribe é o último obstáculo a ser derrubado para que a América do Sul inteira possa tocar pelo mesmo diapasão. Escuto na pulhíticamente correctíssima BBC World as referências às Farc - "combatentes", "exército rebelde", à sua disposição ao "diálogo", aos seus contactos com "governantes neutros" com a intenção de liberar reféns, até mesmo, quem sabe, a Ingrid Bettencourt. Mais um pouco e a BBC faz-nos pedir desculpas à guerrilha por matar, sequestrar, largar bombas e traficar cocaína... E condenar Uribe por sua "intransigência", pela "opção militar"! A inversão de papéis e valores estará então completa. É este o objectivo.

Saturday, March 01, 2008

Um ano de maravilha

O "As Afinidades Afectivas" faz hoje um ano.
O Excelentíssimo Senhor Réprobo está de parabéns.
E com direito a todo o Champagne que quiser.

Fugir à cartilha

Depois do hediondo crime de lesa humanidade-politicamente-correcta praticado por James Watson, pioneiro na investigação dessa coisa danada do ADN, agora andam para aí uns cientistas da Universidade de Chicago a dizer que o comportamento dos genes responsáveis pela imunidade do corpo humano varia conforme a raça do indivíduo. No lugar desses meninos eu mudava de nome e saía a buscar outro emprego...